domingo, 12 de junho de 2011

LIMITES DA VERDADE

Tenho refletido bastante sobre a verdade e a sinceridade nas pessoas. Até que ponto temos controle da nossa verdade e de que maneira ela existe sem mutações. Uma tarde dessas saí para tomar uma cerveja com uma fada em um parque e segui noite adentro pelos bosques da noite madrilenha. 

Foi uma noite significativa que começou quando vimos por acaso três perfomances artísticas. Uma delas em particular me chamou bastante a atenção, a artista sobe no palco e timidamente apresenta sua proposta: Estou aqui para quebrar limites e ser sincera. Vou ficar parada nesse mesmo lugar e vocês vão me fazer perguntas, tudo que queiram saber, prometo ser totalmente sincera, não vou responder nada mais além da verdade, por favor me façam perguntas...

A platéia com um choque inicial começa a fazer perguntas simples e com o tempo e intimidade que vai criando com a artista pela sinceridade extrema de suas respostas, vai chegando a perguntas mais profundas.

De onde você é? Para onde você vai? O que é o amor? Por que você está quebrando esse limite? O que são os limites? Você tem alguma culpa? Não acha que deveria nos perguntar também? O que você faria para nos provar que está sendo sincera? Se todos tirássemos a roupa, seriamos mais reais?

No final conversei com a artista para perguntar de onde surgiu a idéia, se ela já tinha feito algo nesse sentido antes ou se tinha alguma aspiração documental em sua proposta. Ela disse que tem um trabalho voltado a quebrar limites, que já havia feito coisas com limites físicos e que este era o primeiro com campo emocional, mas que seguiria neste caminho.

Todo mundo sabe da minha fixação por documentários e obsessão pelas raras maneiras de retratar a realidade. O mais estranho é que esses dias, enquanto ajudava uma bruxa anciã a fazer compras, ela me disse do nada que tenho que fantasiar mais a realidade, que sou muito sincero e a verdade nos faz vulnerável. Estranho isso nesse momento... ou talvez em todos... qual é a verdade nesse mundo gris?