sábado, 28 de abril de 2012

weekend

Se você trabalha ou tem algum envolvimento em criações artísticas, você vai entender o que digo. Sabe quando rola uma inspiração, surge uma idéia que você gosta muito, que te toca bastante, que quer conceber e desenvolver aos poucos. Pois bem, se você tarda, pelo motivo que seja, sempre rola uma hora  que ela aparece realizada por outro, seguramente não identica, mas é ela.

É estranha essa sensação, é como se não existissem idéias únicas. A verdade é que não existem mesmo. São nesses momentos que a gente constata que estamos todos vivendo em torno dos mesmos sentimentos, tendo sensações similares, o quanto a vida é limitada, quer você queira, quer não. É uma percepção rara nesses tempos em que se valoriza a falsa sensação de ser único, essa obsessão de perfil que salta da rede para a mente das pessoas.

Pois bem, ao primeiro contato com a tal obra surge uma pequena inquietude de invasão, algo como uma sensação de "roubo", um sentimento um tanto vago que não faz muito sentindo, dura pouco, mas que sim rola de leve. Em seguida rola uma certa cumplicidade, como se alguém compreendesse algo que parecia que só você compreendia, essa sensação se perpetua um pouco mais. Mas por último e mais intensa vem a sensação que de fato a obra causa, e nesse caso em você, alguém que já vivênciou aquela sensação, ou seja, uma pessoa muito crítica com relação ao tema abordado. Das duas uma, ou odeia porque não te tocou da maneira que você tocaria alguém ao reproduzir sua obra, ou você fica extremamente sensibilizado, porque alguém compreendeu de uma maneira tão única quanto a sua. Nesse caso é uma sensação ótima, indescritível!

Acabo de ver um filme bem similar a um projeto que tenho buscado apoio a um tempo. Não é o tipo que vende, não é o tipo que se realiza facilmente num país como o nosso. Como disse um personagem do filme sobre sua obra que nunca termina: "as pessoas não iriam ver". Pois olha que bonito é saber  que alguém conseguiu realizar uma obra sensível, e melhor ainda, que ela se propaga, toca pessoas com histórias similares e nos traz sensações de uma gostosa semelhança neste mundo infestado de falsos perfis.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Antes tarde do que nunca.

Quando eu era adolescente, não existia cinema para me identificar diretamente, os jovens da telona eram interpretados por adultos de 30 anos com chiquinhas, franja ou aparelho em histórias bem, mas bem pastelonas mesmo.

Já era hora do cinema retratar essa fase tão rica de temas e possibilidades de linguagem de maneira mais fiel. Os exemplos nacionais já vem despontando a um tempo, o mais recente e bem sucedido foi "As melhores coisa do mundo" de Laís Bodanzky, que é bem legalzinho. Mas sem dúvida, o principal representante deste segmento até agora foi Jorge Furtado. Você que está acostumado a ver o nome do cineasta associado ao cultuado "Ilha das flores" deve estar injuriado com essa minha colocação! Ha!

Digo isso, porque fiz um curso com ele uma vez, e o mesmo confidenciou que quando começou a fazer cinema, o filho (Pedro Furtado) queria ser ator, mas como o menino era adolescente, não conseguia papéis pelo motivo que descrevi nas primeiras frases do post. Então ele, como roteirista/diretor, resolveu criar uma história para que o filho e outros atores jovens pudessem interpretar. Eis que surge seu primeiro filme "Houve uma vez dois verões", que é muito bom.

Ta certo que em seguida o Jorge Furtado renegou totalmente essa proposta, colocando a moda antiga o  Lázaro Ramos e a Leandra Leal para interpretar adolescentes em "O homem que copiava". Mas calma, ele ainda merece ponto nesse segmento, pois mesmo com seu filho crescido e fazendo novela das 8, ele voltou a explorar a juventude em "Meu tio matou um cara", e veja, com os então joviais, Darlan Cunha e Sophia Reis. Depois acho que ele desencanou mesmo da temática e partiu para sua consolidação como criador audiovisual, mas a meu ver ele fez as primeiras contribuições para esse novo nicho, que seguramente ainda vai render muito.

Lá fora a coisa também tem mudado, vira e mexe sempre apareceu alguma proposta nova para a juventude, mas recentemente também rolou um crescimento na proposta de ser mais fiel a esse universo, figuras como Michael Cera estão aí por isso. Hoje vi um que cumpriu bem esse papel, o longa "Submarine", que aborda de maneira inusitada as descobertas de um casal indie composto por um jovem tímido e uma namorada moderna e dominadora. Destaque para a as músicas da bela trilha composta por Alex Turner, vocalista da banda inglesa Artic Monkeys, que por dias não saíram da minha cabeça. 

Segue umas delas, com legenda em espanhol para você fazer aquelas traduções narradas de programa de rádio Love songs! Ha!