segunda-feira, 25 de maio de 2015

teletransporte

Arte para caderno de "Teletransportes" ("Historietas Libertas" - Maio-2015).


quarta-feira, 13 de maio de 2015

o homem líquido

   Rafael caminhava pelo vale enquanto o guru lhe explicava:
   _ Este lugar representa o paraíso, aqui tudo flui naturalmente e para que isso aconteça é preciso desapegar-se, compreender que tudo e todos partirão um dia,  é a condição da existência.
   _ A prática me é complicada, tenho saudades frequentes.
   _ Neste caso não há o que fazer se não senti-lo.
   _ Mas você disse que é preciso desapegar-se.
   _ Forçar desapego é apegar-se também. Se sentes que não controlas é porque talvez o tenha que sentir, não exista escolha.
   _ É como se fosse algo acumulado há tempos.
  _ Tudo é acumulo de tempo, desde o grão de areia até a praia inteira, assim como tudo que nela habita. O mar apesar de modificar-se a cada onda, segue jorrando sempre na mesma direção, é um acumulo que lhe força esta explosão, não contém-se em si.
   Rafael e o guru seguiam caminhando pelo vale e iam se transportando de um ponto a outro daquela enorme montanha, como se pudessem estar em diversos lugares com poucos movimentos corporais.
   Enquanto o guiava, o guru prosseguia:
   _ Aqui a vida acontece como o trajeto da água em um rio, sempre fluinte, não há necessidade de controle algum, tudo vem, tudo vai e só fica a modificação do encontro, a sinergia.
   Rafael observava as quedas d´água que apesar de jorrarem com força pareciam grandes tecidos brilhantes que balançavam com o vento refletindo a luz emanada do céu. Pensando no exemplo do guru, perguntou:
   _ Se a vida é como o trajeto da água, o que somos nós?l
   O guru pareceu contente com a pergunta e num piscar de olhos, os transportou para a nascente daquela cachoeira, um ponto de onde brotava um filete iluminado de água:
   _ Nós somos o próprio rio, nascemos para fluir, nossas vidas são como a água, vão jorrando aos poucos a partir da nascente e criando seu próprio caminho pela terra.
   Como num piscar de olhos já estavam em um lago formado por uma pequena queda d´água, de onde o guru prosseguiu:
   _ Quando encontramos algum obstáculo, a água vai parando e formando um lago, ali são formadas as nossas bases, até que a junção de água seja mais forte o suficiente para transpor aquele espaço e seguir jorrando até que se encontre outro obstáculo.
   _ Os obstáculos como barragens.
   _ Exato, a cada barragem transposta, é como se atravessássemos uma porta para uma dimensão diferente da vida, mas no mesmo corpo.
   O guru os transportou novamente, de repente estavam no topo de uma enorme cachoeira.
   _ Cada teste ao qual a vida nos submete, representa um obstáculo da natureza humana, para cada ser ele se refere a uma vivência em particular. A cada porta que se atravessa, desobstruímos alguma barragem que se formou em nossa existência.
   Do topo da cachoeira, Rafael sentia gotas de água espirrarem em seu pés, achou aquilo incrível, sentia como se seu corpo não tivesse nenhum peso, ali cada átomo dele estava em conexão com aquele lugar, um fazia parte do outro de maneira tão genuína, que facilmente se fundiam. Sem a ajuda do guru, se desmaterializou e rapidamente se materializou em outro lugar, como se seu corpo fosse composto por gotítculas de água que fluíam como o ar.
   Percebendo sua evolução, o guru completou:
   _ Aqui não existem barreiras, tudo é permitido porque tudo é vida. A cada desafio vencido, a cada porta que se abre, a fluinte da vida jorra e encontra seu caminho. Essa cachoeira representa a potência do ser como um todo, quando ele encontra sua fluinte e desenvolve o que se chama identidade.

terça-feira, 21 de abril de 2015

quebrando a casca

"É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo. Nesta pessoa organizada eu me encarava, e nem mesmo sentia o grande esforço de construção que era viver. Como se explica que o meu maior medo seja exatamente o de ir vivendo o que for sendo? Por que é que ver é uma tal desorganização?

Talvez desilusão seja o medo de não pertencer mais a um sistema. No entanto se deveria dizer assim: ele está muito feliz porque finalmente foi desiludido. O que eu era antes não me era bom. Mas era nesse não bom que eu havia organizado o melhor: a esperança. De meu próprio mal eu havia criado um bem futuro. O medo agora é que meu novo modo não faça sentido? Mas por que não me deixo guiar pelo que for acontecendo? Terei que correr o sagrado risco do acaso. E substituirei o destino pela probabilidade.

Na infância as descobertas terão sido como num laboratório onde se acha o que se achar? Mas como adulto terei a coragem infantil de me perder? Perder-se significa ir achando e nem saber o que fazer do que se for achando. Não sei dar forma ao que me aconteceu. E sem dar uma forma, nada me existe. E - e se a realidade é mesmo que nada existiu?! Quem sabe nada me aconteceu? Só posso compreender o que me acontece, mas só acontece o que compreendo - que sei do resto? o resto não existiu. A vida humanizada. Eu havia humanizado demais a vida." CL.

Eu que buscava a simplicidade, finalmente a havia encontrado, mas só soube ser complicado.

segunda-feira, 16 de março de 2015

INICIANTES

Estudando um livro de roteiro, me deparei com o exercício de descobrir qual era o meu gênero e os meus filmes preferidos. De longe já sabia que o gênero era o drama, mas o ato de esqueletar uma lista com os filmes favoritos, me fez perceber que eles diziam muito mais de mim do que imaginava. Filmes são como cápsulas que contém não só os pontos de vista dos realizadores, como também os nossos, que os escolhemos como uma boa vivência, para ser revisitada sempre que desejarmos. Neles identificamos nossos sonhos, razões, equivocos, afetos/desafetos, confusões e compreensões. Vou postá-los aos poucos aqui, nesta minha auto-cápsula, onde guardo algumas de minhas experiências pelo tempo e de meus mutáveis pontos de vista.


Desta lista, revi um deles estes dias como referência e novamente fiquei tocado, talvez por ele ser um dos mais simples e singelos, e até talvez por isso, um dos meus preferidos: "Beginners". Uma história sobre alegria, tristeza, coragem, cegueira, maturidade, encontros/desencontros e sobre como todos, não importa a idade, somos iniciantes quando se trata de olhar para dentro de si.

quarta-feira, 11 de março de 2015

IMPULSOS E RETORNOS

Retornos. Há um momento na vida em que compreende-se o significado deles, e quando o fazemos, conseguimos visualizar as portas que devemos atravessar, o que não significa conseguir atravessá-las, o que ocorre é dar-se conta de si, o que não te faz mestre de seu trajeto, mas um caminhante consciente, um ser que não mais vagueia sem saber para onde.


Há cinco anos atrás tentei ler uma obra, que mesmo sem conseguir chegar ao final, mudou a minha vida: "A paixão segundo G.H" de Clarice Lispector. Na época não sabia compreender o porque desta sensação, muito menos o por que de no prefácio do livro, Clarice advertir "Este livro é como um livro qualquer. Mas eu ficaria contente se fosse lido apenas por pessoas de alma já formada". Na época, a obra me perturbou tanto que serviu como matéria prima para uma peça da qual me orgulho muito chamada "Outros modos de Sentir".

Apesar deste contato com o imaginário da autora, sentia que não compreendia totalmente a agonia da personagem GH. Tentei recomeçar diversas vezes o livro e sempre me senti a margem do que ela sentia, por vezes me soava pesado e chegar ao final do livro me parecia distante, pois era muita informação a ser processada. Segui insistindo, pois mesmo sem saber porque, ela mexia comigo e queria desvendá-la, mas a minha incompreensão de mim, me impedia. Assim, após algumas exaustas tentativas, o coloquei na minha estante de livros a serem lidos, uma ala de meu quarto que só aumentava.

Nos últimos meses fui tomado por uma sede incansável de respostas para tudo, e finalmente aquela ala de obras que eu não compreendia me fizeram a companhia necessária num período de comunhão comigo mesmo. Era o momento exato de conversar com ela, e hoje GH me é tão próxima, que não senti mais peso ao lê-la, ao contrário, ela me passou tanta compreensão, que me deixou mais leves as mazelas. Compreendi a diferença entre livros de bolso, que são lidos e passados de mão em mão sem nada dizerem, e de autênticas obras, que mesmo de difícil compreensão, quando tentamos desbravá-las, sentimos necessidade de modificar a nós mesmos, lutando contra nosso ego, nossa falsa sensação de auto-valor, que exacerba, cega e afasta a felicidade.

Ainda no prefácio, Clarice adiciona que devem ler somente pessoas que "saibam que a aproximação, de que quer que seja, se faz gradualmente e penosamente - atravessando inclusive o oposto daquilo que se vai aproximar." Em outras palavras, negar a si mesmo aquilo que o impulssiona a evoluir em detrimento de sua zona de conforto. Existem obras que surgem em nossas vidas para ficar e outras que surgem só para nos fazer caminhar, na maioria das vezes não teremos escolha, quando o mundo se colocar no meio de nossos caminhos através de erros e falta de compreensão de nosso próprio caminhar, é preciso silenciar e ouvir a si mesmo, para enxergar que aqueles impulsos o fizeram andar e sem perceber, realizar que você já chegou a outro lugar. É nesta hora, que se deve pesar, o tanto de si que está pronto para vivênciar uma obra, ou se ainda é preciso matar mais tempo com livros de bolso.

Outros Modos de Sentir: https://vimeo.com/41981310

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O MAR


O som da estrada lhe soou como o mar, o breu dos olhos fechados, a cabeça pousada no recosto do banco e um leve e contínuo zumbido da rodovia. A cada veículo que passava, o vento suave de seus trajetos lhe soava como ondas, por vezes passavam tempestivamente, por vezes soavam como a brisa que há pouco havia sentido. No céu, gaivotas como as que admirou na costa, nos carros os mesmos seres estranhos que transitavam pela areia. Nele, um grão, um fiapo de mutação. O som das águas ainda estava nele contido, o sol era o mesmo que brilhava todo dia nas mais diversas partes do mundo e que experiente lhe dava bom dia, reluzindo com raios de mais um dia madurado.

UM ANO DEPOIS

Há uma ano atrás faleciam dois de meus ídolos do cinema, Eduardo Coutinho e Philip Seymour Hoffman, ambos em situações extremas e bizarras da vida, uma fase conturbada.


Hoffman aos 46 deixou um vasto leque de atuações brilhantes, dentre elas "Capote" com a qual recebeu a estatueta do Oscar. Mas o filme que indico aqui é um dos meus favoritos da vida e que é quase desconhecido do público, o simples e belo "Vejo você no próximo verão", sua única direção, infelizmente.



O filme mostra paralelamente a construção de um relacionamento e a derrocada de outro. De uma maneira passiva e delicada, o personagem principal, interpretado por ele, desafia-se em territórios novos da vida afim de proporcionar os sonhos da possível futura parceira. Numa história de superação, ele enfrenta seu medo de água, aprendendo a nadar somente para poder levá-la em um passeio de barco no verão seguinte. Nestes tempos de relacionamentos pouco profundos, baseados no desespero de vivências momentâneas e rasas, ele nos mostra um personagem que da sua maneira, e na sua velocidade enfrenta seus medos e muda o destino não só dele.

Já Coutinho aos 80 nos deixou muitas obras primas do documentário, como o histórico "Cabra Marcado para morrer". Mas o que indico aqui é "Jogo de Cena", um filme genial que nos deixa maravilhados e confusos ao mesmo tempo.


No filme ele exibe mulheres relatando histórias pessoais de suas vidas, em seguida atrizes famosas relatando as mesmas histórias como se elas as tivessem vivido, e num terceiro momento atrizes desconhecidas do público relatando as mesmas histórias. Num moscaico destes relatos, nos vemos diante de diversas mulheres contando as mesmas histórias, o que nos leva a questionar quem viveu aquilo ou não. A narrativa nos deixa confusos e instigados, mesclando verdade e interpretação, uma bela reflexão no mundo de máscaras que vivemos atualmente.

NÚ COM A MÃO NO BOLSO

É como me sinto, após um período de intenso contato com sensações das quais sempre fugimos. Tive um blog chamado "NUDE" (agora em reformulação), do qual usei para vomitar algumas histórias em pequenos contos. A idéia era desenvolver minitramas limitadas em apenas três parágrafos, abordando personagens intensos, porém passivos e reativos, que teriam suas realidades modificadas por enxurradas de eventos externos.


Os textos eram acompanhados de colagens, nas quais tentei aplicar a técnica de "one point", centralizando os personagens e construindo lúdicamente um universo ao seu redor. Num grito de cores ou na falta delas, tentavam expressar mundos de ilusão, em que seres raros explodiam sentimentos nús perante uma sociedade cruel e pausterizada.



NUDE foi um vômito, a obersavação de um mundo cruel que massacra personagens incompreendidos, mas que os leva a uma evolução obrigatória através da dor da adaptação, entrando em contato com suas sombras, para em seguida modificarem a realidade.



Seja um gênio da matemática que mesmo concebido a partir da dor do apego vem a mudar a história da humanidade, de uma mulher que nasce em corpo de homem e tem sua vida assassinada para renascer num novo ser e ocupar seu real espaço no mundo ou uma tribo de libertários que é devastada pela incompreensão humana das diferenças, mas acaba se espalhando e descentralizando suas propostas de evolução.



Este foi um projeto de exposição de visceras, um vômito de histórias de inseguranças, inadequações, utopias, raivas, sons e furia, praticados da maneira mais básica do mundo, nús! A nudez é um ato que geralmente se pratica as escondidas, mas sabe como é né, abaixo os pudores, avante sociedade nudista!



Foi um período criativamente bacana, mas após esta longa viagem por estes universos, sinto saudades de casa e retorno ao meu velho excêntrico paraíso, MINHA XANADU!

sábado, 21 de dezembro de 2013

Epifanías aéreas ou morando no ar

Caminhando pelas ruas me deparei com o faról de quatro faixas em vermelho piscante. Quantas faixas conseguiria atravessar? Duas no máximo? Então por que atravessar se não conseguirei chegar ao outro lado? Para avançar um pouco mais? Talvez, mas por que não aguardar o momento certo, para em uma tacada chegar ao outro lado e não me ver ilhado no meio de 1 metrô de concreto com pedaços de lata passando em alta velocidade ao meu lado? 

São duas maneiras de chegar lá. Hoje, preferi esperar, uma dádiva conquistada por alguém ansioso de nascença, que se pá já saiu calculadamente chorando só para mostrar atitude e evitar levar uns belos safanões do médico. Pois parado a aguardar, fui tomado pela presença de um pássaro sobrevoando minha existência. Ele dava vôos rasantes, cortava o ar com pura liberdade e retomava com força subindo cada vez mais alto. As vezes se soltava no ar com tanto desprendimento que só o fato de suas asas estarem abertas o faziam subir cada vez mais, ele era um pássaro sábio, e sabia aproveitar sua condição de pássaro.




Enquanto repetia seu ritual, vi nele um atleta, se testando cada vez mais a cada circuito que repetia no ar, vi nele um aventureiro, que ousava não pousar um só momento e se jogava naquela sensação cada vez com mais intensidade, vi nele um artista, que bailava no ar e que com a poesia de seus movimentos prendeu minha atenção e por último vi a mim e a você, que como qualquer outro ser aproveitava aqueles curtos momentos de sintonia com os elementos, antes de retornar para o instinto inverso da condição de sua existência contínua.

Sinal verde, volto a caminhar.

sábado, 5 de outubro de 2013

a sangue frio

"More tears are shed over answered prayers than unanswered ones."



Mais lágrimas são derramadas pelas preces respondidas do que pelas não respondidas.


(Epígrafe do último romance, inacabado de Truman Capote).

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

um arquivo, uma idéia, uma obra

Ni una sola palabra de amor mostra gravaçoes telefônicas da vida de um casal argentino. A idéia surgiu de uma velha fita cassete de secretária eletrônica comprada em um mercado de antiguidades de Buenos Aires em 2001, 12 anos antes. O curta foi premiado na Espanha, Itália, Bélgica, Alemanha, México e Colômbia e já a marca de 885 mil visitas no YouTube.


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O que tira o sono dos caras mais espertos do mundo?

10. Que as pessoas inteligentes, como estas que contribuem com a Edge, não farão política. – Brian Eno, músico.

12. Que os mecanismos de busca se tornem os árbitros da verdade. – W. Daniel Hillis, físico.

21. “Não muito. Ando de moto sem capacete.” – J. Craig Venter, cientista genômico.

22. Catarse é uma alegria transcendental que... Você pode repetir a pergunta? – Andrian Kreye, editor do jornal German Daily.

23. “Desisti de responder perguntas. Meramente flutuo num tsunami de aceitação de qualquer coisa que a vida jogue em mim... E me maravilho estupidamente.” (Resposta completa) – Terry Gilliam.

27. Que vamos parar de morrer. – Kate Jeffery, professora de neurociência comportamental.

32. “É possível que sejamos apenas raras manchas de consciência flutuando num insensível deserto cósmico, as únicas testemunhas de suas maravilhas. Também é possível que vivamos num oceano senciente universal, rodeados por êxtase e conflito, e que isso esteja aberto à nossa influência. Como seres sensíveis, ambas as possibilidades deveriam nos preocupar.” – Timo Hannay, edito


35. A arrogância absoluta da humanidade. – Jessica L. Tracy, professora de psicologia.
36. Que a tecnologia possa pôr a democracia em perigo. – Haim Harari, físico.
37. Não se preocupe, não haverá uma singularidade. – Bruce Sterling, escritor de ficção científica.
50. Que estamos nos tornando demasiadamente conectados. – Gino Segre, professor de física e astronomia.
67. Realidade aumentada. – William Poundstone, jornalista.
69. Que vamos passar tempo demais nas redes sociais. – Marcel Kinsbourne, neurologista.
70. Que a idiocracia está próxima. – Douglas T. Kenrick, professor de psicologia.
91. “Me preocupo com a perspectiva de amnésia coletiva.” – Noga Arikha, historiadora de ideias.
121. “Muitas pessoas se preocupam com não termos democracia suficiente no mundo; eu me preocupo que talvez nunca possamos ir além da democracia.” – Dylan Evans, CEO da Projection Point.
127. “Me preocupo porque a imaginação livre é supervalorizada, e isso tem riscos.” – Carlo Rovelli, físico teórico.
131. Que não teremos um Plano B quando a internet inevitavelmente entrar em colapso. – George Dyson, historiador científico.
134. Que o cérebro é incapaz de conceber nossos problemas mais sérios. – Daniel Goleman, psicólogo.
145. Que não vamos ser capazes de entender tudo. – Clifford Pickover, matemático e escritor.
150. Que a ciência periga se tornar o inimigo da humanidade. – Colin Tudge, biólogo e editor da New Scientist.


Fonte: http://www.vice.com/pt_br/read/150-coisas-que-as-pessoas-mais-inteligentes-do-mundo-temem?utm_source=VICEBrNewsletter

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

sentimento nú

Se tem uma coisa que não me atrai muito na música contemporânea são essas novas divas. As vezes por acaso me vejo consumindo essas garotas em alguma festa, ou na casa de algum amigo que exibe um show em DVD ou comemora animado o lançamento de um novo hit. Geralmente vale a pena ver o que anda acontecendo em seus vídeo-clipes, pois eles vem recheados de inovações tecnológicas, tentativas cada vez mais ousadas na originalidade dos figurinos, num geral muito dinheiro investido. Não é uma crítica, é só uma falta de interesse natural mesmo.

Porém, uma delas, a que menos conhecia, é quem vira e mexe acaba lançando algo que curto. Este último vídeo é tão simples, que parece que ressalta a sensação que a música passa. Não quero divagar muito, mas gostei bastante

oscar 2012

Legal esta arte criada pelo designer Olly Moss para divulgação do evento. Só não entendi porque aquele rombo no ano de 2001. Teria algo a ver com os atentados de 11/09? Até onde recordo, ouve sim premiação, até porque lembro de que o Woody Allen, que sempre fez questão de não comparecer a cerimônia, subir ao palco encorajando para que as pessoas não deixassem de filmar em Nova York. Achei estranho, pesquisei no google e os anos da premiação não batem a partir deste rombo no cartaz. Vai entender...


Vale dar uma passada pelo site do designer e conferir outras artes feitas para poster de filmes.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

similaridades

Três visões da loucura e da superação.


Três visões sobre a paralisia e a superação.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

dancing with myself

Filmes musicais. Gosto ou não gosto? É uma dúvida que permeia minha cabeça...

Sempre que alguém propõe ver um, fico na imensa dúvida de se devo ou não me jogar. Vi alguns tão tediosos, que me traumatizaram, mas também outros tão inspirados e alguns bem geniais. Não dá pra culpar o gênero, parece que cada um sai na medida da produção. E que produção! Arrisco dizer que musicais são as obras mais difíceis de se conceber artisticamente, imagina, são canções, texto, atuações, dança, e todos os outros elementos que já compõe um filme comum orquestrados. São diversas expressões em uma só peça, muita responsa.

Hoje vi um por acaso, digo porque não sabia que era um musical, o filme irlandês "Once" (Apenas uma vez). Me dei conta vendo, que se tratava de um musical, algo que tardou um pouco, pois o filme é avesso ao universo que estamos acostumados nessas produções. Sem elencos dançantes, sem movimentos expressivos de câmera, sem quebra nenhuma de universo, os personagens cantam e vivem sozinhos com suas canções, e isso basta.


Preenchido quase que 80% por canções, o filme foi definido como um musical naturalista, onde os músicos Glen Hansard (da banda "The Frames") e Markéta Irglová (instrumentista da República Checa), interpretam composições feitas por eles mesmos. É uma graça o filme, se é que isso pode ser definição de uma obra assim! Ha! Mas foi a sensação que deixou. Super maduro, o romance acontece sem um beijo, sem uma cena de sexo, mas com toda a carga emocional que um grande filme precisa. Que venham mais musicais naturalistas, deu gosto de quero mais!!


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

crescendo

Fiquei de boca aberta de saber que aquele garotinho que contracenou com o Hugh Grant no "About a boy" é o mesmo cidadão crescido que preenche a lista de homens incríveis do "A single man". Saca o crescimento... parabéns! Ha!





segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

desatitutes


O que é o amor?

É uma pergunta que faço sempre que tenho oportunidade. A desconhecidos, a amantes, a forasteiros. Gosto de ouvir as súbitas definições que as pessoas traçam de improviso, uma mescla de algo que impressione com algo biográfico. É perceptível que todo mundo fantasia um pouco, um toque de sonho e de otimismo, geralmente combinado com um leve gosto amargo de alguma experiência vivida.

Para mim o amor é um questão tão grande quanto a morte. Ela pelo menos só se conhece uma vez, é uma vivência única. O amor acontece e a gente segue vivo. Tem gente que morre dizendo que nunca amou, tem gente que afirma que só vive porque ama. É Possível viver sem amar? E amar sem morrer?

Esse sorriso vai ser a minha desgraça. É uma frase que ouvi recentemente e que define bem a sensação de quando me pego flutuando, sem ouvir uma palavra que saí de determinada boca. Neste momento penso, o que é o amor senão ruína?

As certezas destruídas, escombros de conceitos, a velha biblioteca de razões parece estar organizada em uma nova ordem, absurda. É a morte da razão. Tudo está lá, milimetricamente ajustado, catalogado e disponível, mas aquilo tudo parece loucura, aquelas certezas ali descritas.

Abra um livro aleatório.

O quanto de amor existe nas atitudes? E quanto mais dele existe nas desatitutes?

Tenho dor nas costas.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

a originalidade não pode ser moldada economicamente

Saiu um artigo na revista New Yorker entrevistando os criadores de "Matrix" que retornam agora no épico "Cloud Atlas" ("A viagem" no Brasil), baseado no livro de David Mitchell, que o próprio autor considerava "infilmável".

Na entrevista os irmãos Lana (antes Larry, mas não vem ao caso) e Andy Wachowisk fazem críticas vorazes ao sistema de incentivo à produção de conteúdos inovadores. Isso porque eles estão lidando com grandes estúdios, em que a incerteza de demanda existe, mas é muito menor do que para nós por exemplo, que só produzimos com incentivos diretos e ou indiretos do governo. Eles relatam que o interesse em financiar uma obra sempre vem atrelado à comparação a outro título similar já existente. No caso de "Matrix", nas conversas iniciais os produtores executivos torciam o nariz comparando a obra à "Johnny Mnemonic", que em 1995 também foi estrelado Keanu Reeves e resultou num insucesso comercial. 



Com muita conversa, batidas de pés no chão e literalmente colocar o p** na mesa, felizmente tivemos uma obra completamente diferente e que mudou não só o gênero ficção científica, como influênciou toda uma leva de "novas" experiências no cinema. "Matrix", que estreou em 31 de março de 1999 ganhou perto de meio bilhão de dólares em todo o mundo, além de quarto dos quadrados oscars.

Com "Cloud Atlas" não foi diferente, depois de anos de batalhas para produção e desenvolvimento, que foi feito em parceria com o diretor Tom Tykwer de "Corra Lola, Corra", o filme finalmente estréia em 6 de Setembro no Festival de Toronto e em 26 de Outubro no resto do mundo. Mas neste caso, o desafio não foi só o de encontrar financiamento e espaço no mercado, afinal de contas a dupla já é tratada como sinônimo de sucesso entre os grandes estúdios, e sim de adaptar uma obra complicada, que se passa em diversos séculos.


Segundo Lana "o principal desafio foi a complicada estrutura do romance: os capítulos são ordenados cronologicamente até o meio do livro, ponto em que a sequência inverte e a história começa uma série de elipses temporais infindáveis. Pensando como roteiro, seria impossível introduzir uma nova história em 90 minutos". O meio encontrado por eles foi quebrar o livro em centenas de cenas escritas em fichas coloridas e espalha-las pelo chão, com cada cor representando um personagem diferente ou período de tempo. A casa parecia "um jardim zen de cartões de índice", disse Lana. 

O autor David Mitchell que sempre afirmou que sua obra poderia ser considerada "infilmável", se encontrou com a dupla após ter conhecimento do processo e revelou que adorou a nova proposta de criação "Isso pode ser um daqueles filmes que são melhores do que o livro!" Entonces bora esperar!

terça-feira, 31 de julho de 2012

anima!

Vi alguns curtas do anima mundi neste findie. O curta "Head over Heels" foi o grande vencedor, faturando uma vaga na corrida para o oscar. A animação é realmente incrível, conta a história de um casal e suas diferenças, teve um resultado super sensível e com uma arte simples e bonita, rendeu palmas e alguns suspiros da platéia. Merecido!


Algumas outras também merecem destaque, algumas pelo humor, outras pela técnica, mas vou postar só mais algumas, mais para deixar guardadas aqui as referências!



segunda-feira, 23 de julho de 2012

pagando por sexo


Premiado autor de histórias em quadrinhos só transa com prostitutas há mais de uma década. Em um livro inteligente e engraçado, ele critica o amor romântico e defende a normalidade da prostituição.
Será minha próxima leitura. Segue texto publicado pela jornalista Eliane Brum para a revista Época, em que o autor levanta alguns mitos e reflexões em torno da prostituição.




1) Você é dono do seu corpo. Dizer “Quero transar com você porque você vai me dar dinheiro” é tão moral quanto dizer “Quero transar com você porque eu o amo”. E isso tanto para homens quanto para mulheres.
2) Os clientes não compram as prostitutas. Quando alguém compra um livro, leva-o para casa e faz o que quiser com ele, por quanto tempo quiser. Com uma prostituta, você paga para transar durante um tempo determinado, limitado por aquilo que é combinado, e depois se separa dela. Nenhum cliente faz o que quiser com uma prostituta – nem é dono dela.
3) A violência, minoritária, é tão presente no sexo pago como no sexo não pago. Existem clientes cretinos na mesma proporção que existem maridos e namorados cretinos, que ignoram os pedidos e os limites estabelecidos pelas mulheres. Assim como há aqueles que extrapolam e as espancam. Para reprimir esse comportamento, há leis. Mas, se concluirmos que devemos criminalizar ou condenar o sexo pago porque alguns homens são cretinos e outros são violentos, então é preciso criminalizar ou condenar também o casamento e o sexo não pago. Da mesma forma, com relação ao tipo de trabalho, qualquer um acharia descabido terminar com a profissão de taxista porque alguns são assaltados, feridos e até mortos por assaltantes travestidos de clientes.
4) Não são apenas as prostitutas que muitas vezes transam sem desejo. Muitas pessoas, em relacionamentos amorosos, também transam sem vontade. A frase “Não quero transar com esse cara, mas vou transar porque preciso de dinheiro” é tão moral quanto “Não quero transar agora, mas vou transar porque ele é meu namorado e eu o amo” ou “Não sinto mais desejo pelo meu marido, mas vou transar pelo bem do nosso casamento”.  
5) A prostituição não destrói a dignidade das prostitutas. A vergonha que algumas prostitutas sentem por conta da profissão é provocada pela interiorização do preconceito enfrentado na sociedade – e não pela venda do sexo em si. Assim como no passado (e ainda hoje, em alguns casos) os homossexuais sentiam vergonha, depressão, culpa e repulsa por sua orientação sexual. Isso não significava que ser gay era errado – e sim que muitos homossexuais interiorizavam os valores da cultura em que viviam, assumindo o preconceito da sociedade como vergonha e como culpa. 
6) A diferença com que a sociedade trata a prostituição masculina mostra que o preconceito, como sempre, é com relação à autonomia das mulheres. Em geral, os adversários da prostituição feminina ignoram a masculina. A razão é que os argumentos usados para condenar a prostituição feminina soariam ridículos se aplicados à masculina. Nossa cultura acredita que os homens controlam a própria sexualidade. E, se um homem se coloca em uma situação potencialmente arriscada, a sociedade compreende como um comportamento inerente à natureza masculina. Já, com relação às mulheres, não. Elas são sempre vítimas, e há sempre alguém - mesmo que outras mulheres - apto a determinar o que é melhor para elas. 
7) A prostituição é uma escolha. Setores contrários à prostituição afirmam que não há escolha real se a mulher tem de eleger entre ganhar um salário baixo em um emprego pouco valorizado ou se prostituir, assim como não haveria escolha se a mulher se prostitui supostamente porque foi abusada na infância, caso de parte das prostitutas (como de parte das mulheres). Mas uma escolha é uma escolha, ainda que seja uma escolha difícil. Dizer que adultos não teriam o direito de escolha porque tiveram uma infância difícil é um terreno perigoso. Estas mulheres que não poderiam escolher pelo sexo pago não estariam, então, aptas a fazer qualquer escolha sexual, mesmo amorosa, por causa do seu passado. Da mesma forma que a realidade impõe escolhas difíceis para ganhar a vida o tempo todo, tanto para homens como para mulheres. E do mesmo modo como há quem gosta do que faz e há quem não gosta em qualquer profissão. Todas as pessoas – e não só as prostitutas – são fruto de suas circunstâncias e do sentido que conseguiram dar ao vivido. Alguém tem o direito de determinar quais adultos estão aptos e quais não estão aptos a fazer escolhas sobre a sua própria vida, ainda que sejam escolhas que não agradem aos outros?

sexta-feira, 13 de julho de 2012

CONCURSO CAIXA DE CURTAS


Meu curta está participando do "concurso caixa de curtas" na categoria ficção. O festival online é latino e contém filmes de diversas nacionalidades, tem bastante coisa interessante. 

Para quem ainda não viu, é uma boa oportunidade, para quem já viu e gostou, passa lá e dá uma forcinha! A votação vai até 22/08/2012!



domingo, 1 de julho de 2012

Violeta se fue a los cielos

Vou começar pelo final, a tela negra dos créditos permanece em silêncio, não sei por quanto tempo porque rapidamente saí da sala de cinema. Geralmente gosto de ficar ouvindo a música dos créditos até o final, muitas vezes ela foi composta especialmente para a obra, e se está naquele ponto do filme, é porque tem um papel reflexivo importante sobre tudo o que você acabou de ver, é um complemento sem imagens, a baqueta que passa para o espectador. Pois bem, o silêncio e a sensação que tive ao final de "Violeta foi para o céu" me bastou para sair rápido antes de ouvir qualquer comentário que me fizesse odiar a humanidade. Sim, porque as vezes parece que as pessoas se sentem obrigadas a emitir comentários ao final de um filme em voz alta, são os críticos da era twitter, que emitem hastags e frases curtas completamente sem contexto, que as vezes te doem a espinha ao demonstrar a total falta de sensibilidade de algumas pessoas. Pois bem, saí e nada ouvi, ufa! 



Uma coisa é fato, conheci muitas figuras interessantes espalhadas por outras culturas deste mundo e até de meu próprio país através do cinema. A sétima arte teve esse papel em minha jornada, quantas vezes fiquei fissurado por uma trilha sonora e assim conheci um grande músico, quantas vezes vi um retrato interessante sobre uma personalidade e isso me aguçou pesquisar mais sobre ela. Esse é o caso de Violeta Parra, confesso que nunca havia ouvido falar de sua música, mas que depois do filme sigo aguçado. Em um tempo em que somos borbardeados por personagens voadores, que soltam raios e camuflam suas culturas em busca de público, é bacana se deparar com figuras desconhecidas de algumas gerações e que tanto tem a mostrar. 


Em uma das cenas mais bonitas e delicadas que já vi, a personagem de Violeta chega depois de uma longa caminhada pelas colinas à casa de uma senhora que detinha um largo conhecimento de cantigas folclóricas chilenas. A pouco seu filho havia lhe perguntando "e se nunca a encontrarmos?" e ela responde "Aí as pessoas nunca vão conhecer suas músicas incríveis". Pois nessa cena, Violeta chega  justo no momento em que a matriarca está sendo colocada em um caixão. Ela assiste a cena em silêncio, em seguida vemos um gravador sendo ligado e ficamos vendo a fita rodar enquanto contemplamos o silêncio daquele momento. De fato jamais conheceremos as cantigas daquela senhora, mas a homenagem está ali feita. A cena é incrível. 

Muitos outros momentos me deixaram com a mesma sensação que neste trecho. A de leveza e ao mesmo tempo uma estranha densidade, é o que chamaria de poesia audiovisual. O filme nos transporta a construções metafóricas tão bem construídas, que dá um gás além da forte história que a personagem já carrega em si. 

sábado, 28 de abril de 2012

weekend

Se você trabalha ou tem algum envolvimento em criações artísticas, você vai entender o que digo. Sabe quando rola uma inspiração, surge uma idéia que você gosta muito, que te toca bastante, que quer conceber e desenvolver aos poucos. Pois bem, se você tarda, pelo motivo que seja, sempre rola uma hora  que ela aparece realizada por outro, seguramente não identica, mas é ela.

É estranha essa sensação, é como se não existissem idéias únicas. A verdade é que não existem mesmo. São nesses momentos que a gente constata que estamos todos vivendo em torno dos mesmos sentimentos, tendo sensações similares, o quanto a vida é limitada, quer você queira, quer não. É uma percepção rara nesses tempos em que se valoriza a falsa sensação de ser único, essa obsessão de perfil que salta da rede para a mente das pessoas.

Pois bem, ao primeiro contato com a tal obra surge uma pequena inquietude de invasão, algo como uma sensação de "roubo", um sentimento um tanto vago que não faz muito sentindo, dura pouco, mas que sim rola de leve. Em seguida rola uma certa cumplicidade, como se alguém compreendesse algo que parecia que só você compreendia, essa sensação se perpetua um pouco mais. Mas por último e mais intensa vem a sensação que de fato a obra causa, e nesse caso em você, alguém que já vivênciou aquela sensação, ou seja, uma pessoa muito crítica com relação ao tema abordado. Das duas uma, ou odeia porque não te tocou da maneira que você tocaria alguém ao reproduzir sua obra, ou você fica extremamente sensibilizado, porque alguém compreendeu de uma maneira tão única quanto a sua. Nesse caso é uma sensação ótima, indescritível!

Acabo de ver um filme bem similar a um projeto que tenho buscado apoio a um tempo. Não é o tipo que vende, não é o tipo que se realiza facilmente num país como o nosso. Como disse um personagem do filme sobre sua obra que nunca termina: "as pessoas não iriam ver". Pois olha que bonito é saber  que alguém conseguiu realizar uma obra sensível, e melhor ainda, que ela se propaga, toca pessoas com histórias similares e nos traz sensações de uma gostosa semelhança neste mundo infestado de falsos perfis.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Antes tarde do que nunca.

Quando eu era adolescente, não existia cinema para me identificar diretamente, os jovens da telona eram interpretados por adultos de 30 anos com chiquinhas, franja ou aparelho em histórias bem, mas bem pastelonas mesmo.

Já era hora do cinema retratar essa fase tão rica de temas e possibilidades de linguagem de maneira mais fiel. Os exemplos nacionais já vem despontando a um tempo, o mais recente e bem sucedido foi "As melhores coisa do mundo" de Laís Bodanzky, que é bem legalzinho. Mas sem dúvida, o principal representante deste segmento até agora foi Jorge Furtado. Você que está acostumado a ver o nome do cineasta associado ao cultuado "Ilha das flores" deve estar injuriado com essa minha colocação! Ha!

Digo isso, porque fiz um curso com ele uma vez, e o mesmo confidenciou que quando começou a fazer cinema, o filho (Pedro Furtado) queria ser ator, mas como o menino era adolescente, não conseguia papéis pelo motivo que descrevi nas primeiras frases do post. Então ele, como roteirista/diretor, resolveu criar uma história para que o filho e outros atores jovens pudessem interpretar. Eis que surge seu primeiro filme "Houve uma vez dois verões", que é muito bom.

Ta certo que em seguida o Jorge Furtado renegou totalmente essa proposta, colocando a moda antiga o  Lázaro Ramos e a Leandra Leal para interpretar adolescentes em "O homem que copiava". Mas calma, ele ainda merece ponto nesse segmento, pois mesmo com seu filho crescido e fazendo novela das 8, ele voltou a explorar a juventude em "Meu tio matou um cara", e veja, com os então joviais, Darlan Cunha e Sophia Reis. Depois acho que ele desencanou mesmo da temática e partiu para sua consolidação como criador audiovisual, mas a meu ver ele fez as primeiras contribuições para esse novo nicho, que seguramente ainda vai render muito.

Lá fora a coisa também tem mudado, vira e mexe sempre apareceu alguma proposta nova para a juventude, mas recentemente também rolou um crescimento na proposta de ser mais fiel a esse universo, figuras como Michael Cera estão aí por isso. Hoje vi um que cumpriu bem esse papel, o longa "Submarine", que aborda de maneira inusitada as descobertas de um casal indie composto por um jovem tímido e uma namorada moderna e dominadora. Destaque para a as músicas da bela trilha composta por Alex Turner, vocalista da banda inglesa Artic Monkeys, que por dias não saíram da minha cabeça. 

Segue umas delas, com legenda em espanhol para você fazer aquelas traduções narradas de programa de rádio Love songs! Ha!


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

come together

Tenho adorado as corajosas campanhas da Nextel só com junkies e personas no mucho gratas. Ha! Esse novo com todos os "ex"-drogados, tatuados e suicidas juntos subindo escadas ao som dos beatles é bem legal. A inspiração seguramente veio da animação com a mesma música. Eu curti. Tentei achar o comercial, mas não tem na net.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

frases soltas

A grande evolução é adequar para a conciência física todos os desafios mentais.

sábado, 17 de setembro de 2011

descobertas

"Descobrir Continentes é tão fácil como esbarrar com um elefante:
Poeta é o que encontra uma moedinha perdida..."

Mario Quintana

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Madrid


Estava devendo um depoimento da cidade, e como promessa é dívida, aqui vai meu pagamento para ela que foi minha segunda casa. Oito meses é muito e pouco tempo, depende da maneira que você os viveu. Para mim, os 8 meses que vivi por lás foram uma vida a parte. Se pude viver fortes emoções nos poucos dias que passei por outras cidades européias, imagine o tanto de coisas que me aconteceram nesses 8 meses em Madrid. Tenho um bocado de coisas para dizer da cidade.

Madrid foi minha terra de descoberta, poderia acontecer em qualquer lugar, mas foi lá e por isso terei eternamente um carinho a parte. Exercitei amar-me, a ligar o foda-se, a testar-me, amar o mundo, aceitar ajuda, negar ajuda e me resolver para crescer, conhecer pessoas independente da idade, da classe social, do sexo, dos interesses intelectuais. Para dizer a verdade percebi que as vezes quanto mais a gente foca a busca por esses interesses, menos a gente encontra gente interessante, as mais significativas mesmo, que lembrarei para sempre, foram as que conheci por acaso e que em relações curtas me ensinaram tanto em pouco tempo.

Quando viajava para outras cidades, sempre voltava louco de saudades de Madrid, ela me acolheu em pequenos pontos que foram fundamentais para que me identificasse e quizesse estar lá. Uma das cidades que mais lê do mundo, aliás isso foi uma coisa que fiz muito por lá, é um hábito que não tinha cotidianamente e que se propaga, ler no metrô, na espera do bar, em qualquer momento, ocupa aquele tempo morto do dia e eleva sua mente para outros mundos. Li tanto e estudei tanto por lá em tão pouco tempo que em um momento até entrei em parafuso! Ha! Agora estou destorneando para começar de novo. É uma das coisas que admiro na cidade, ela inspira cultura, tem parques incríveis e um sistema de transporte impecável que deveria servir de exemplo para projetos nas metrópoles brasileiras.

O que ela fica devendo no quesito noite, com um déficit de festas que englobem diversas tribos sem deslocamentos e julgamentos, compensa na arte alternativa. Vaguei discretamente por todos os nichos culturais da cidade, tudo gratuito, desde os espaços mais “elitizados” e modernos como o Matadeiro e os mais independentes como a Tabacalera. Vi muita coisa interessante, algumas poucas propostas batidas e outras bastante inovadoras. Uma coisa é fato, a vida artística madrilenha acontece e muito.

Algo que demorei para sacar um pouco sobre a cidade, e que fica a dica para futuros viajantes, é que as pessoas não são grosseiras, elas são desse jeito mesmo, um bocado enfadadas com a vida, mas é maneira deles agirem, é a personalidade forte do espanhól. Quando percebi isso, também comecei a jogar as coisas e falar alto no mercado! Ha! Talvez eu tivesse sido mais feliz se tivesse aprendido a ser grosso logo nos primeiros dias! Ha! É libertador! =)

Saí de Madrid com a certeza de que deixei alguns desapontamentos no ar. Mas talvez esse tenha sido meu papel neste momento. É um lugar lindo, extremamente organizado, modelo de qualidade de vida, mas que precisa mudar algumas pequenas coisas para ser uma cidade perfeita, e que sinceramente não adiantaria mudar só para mim, tem que ser para todos que a escolherem como lar. Não é um problema dela em específico, mas sim da mentalidade de uma parcela européia. Talvez eu tenha voltado tão apressado para São Paulo porque estava explodindo uma identidade que quero lapidar devagar e a brasileira, é uma questão de ancestralidade.

Mas uma coisa é fato, Madrid é incrível e se ela ainda me quiser, um dia volto, a passeio, a trabalho, para umas loucurinhas, quem sabe do amanhã?!

Um grande obrigado a cidade e a todos que passaram por meu caminho nessa louca jornada!!

3 X Madrid! =D