terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O MAR


O som da estrada lhe soou como o mar, o breu dos olhos fechados, a cabeça pousada no recosto do banco e um leve e contínuo zumbido da rodovia. A cada veículo que passava, o vento suave de seus trajetos lhe soava como ondas, por vezes passavam tempestivamente, por vezes soavam como a brisa que há pouco havia sentido. No céu, gaivotas como as que admirou na costa, nos carros os mesmos seres estranhos que transitavam pela areia. Nele, um grão, um fiapo de mutação. O som das águas ainda estava nele contido, o sol era o mesmo que brilhava todo dia nas mais diversas partes do mundo e que experiente lhe dava bom dia, reluzindo com raios de mais um dia madurado.