"E por um instante alcancei o estágio do êxtase que sempre quis atingir, que é a passagem completa através do tempo cronológico num mergulhar em direção às sombras intemporais, e iluminação na completa desolação do reino moral e a sensação de morte mordiscando meus calcanhares e me impelindo para a frente como um fantasma perseguindo seus próprios calcanhares, e eu mesmo correndo em busca de uma tábua de salvação de onde todos os anjos alçaram voô em direção ao vácuo sagrado do vazio primordial, o fulgor potente e inconcebível reluzindo na radinte Essência da Mente, incontáveis terras-lótus desabrochando na mágica tepidez do céu. Eu podia ouvir um farfalhar indescritível que não estava apenas nos meus ouvidos, mas em todos os lugares, e não tinha nada aver com sons. Percebi ter nascido e morrido incontáveis vezes, mas simplesmente não me lembrava justamente porque as transições da vida para a morte e de volta à vida são tão fantasmagóricamente fáceis, uma ação mágica para o nada, como adormecer e despertar um milhão de vezes na profunda ignorância, e em completa naturalidade. Compreendi que somente devido a estabilidade da Mente essencial é que essas ondulações de nascimento e morte aconteciam, como se fosse a ação do vento sobre uma lâmina de água pura e serena como um espelho." (Jack Kerouc, On the Road)
LEMBRETE:
O SILÊNCIO TAMBÉM PODE SER UM EXCESSO PARA A MENTE.
A conclusão dessa primeira experiência fora da bolha: uma vez tendo pisado em terras malditas, todos percebem em sua face, o tipo de interrogação que você transpira. Isso é bom? Talvez para quem compreenda...