domingo, 16 de março de 2008

troca-troca



Constantemente tenho visto discussões sobre direito autoral, download de músicas, filmes, etc. Até onde me lembro, a fumaça toda começou a um tempo atrás, com a popularização do Napster, aquele software gratuito de troca de arquivos entre internautas. Com ele vimos as primeiras experiências da tal “democratização da arte” e suas conseqüências. As gravadoras apostaram no fim do programa como exemplo para projetos do tipo, porém, como percebemos, não foi o que aconteceu, pelo contrário, a polêmica gerada impulsionou a criação de novos softwares e novas experiências de troca de arquivos.

Na época a discussão tomou conta da mídia nacional por um tempo, de um lado os artistas brigavam pela renda de sua arte, de outro os consumidores alegavam preços abusivos para o consumo da mesma. Apesar da distinção dos argumentos, até nesse ponto a tal “democratização” parece ter acontecido, pois um leque amplo de artistas se mostrou solidário aos argumentos do público, e vice-versa. Chegou-se a um ponto em que torcer o nariz ou julgar o usuário que aderiu a essa prática seria negar um processo que já estava se consolidando.

Imagino que o fato de músicos, principais atingidos até então, ainda contarem com a renda de shows presenciais, fez com que o assunto cessasse por um tempo. Porém, agora, assistimos mais um capítulo que reacendeu esse pavio: a questão que atingia publicamente somente a música, agora cutucou também o cinema. Nesse caso o buraco fica mais embaixo, pois além das condições de produção do cinema brasileiro serem escassas, agora a única possibilidade de algum retorno financeiro lhes foi tirada.

Mesmo sem pesquisas concretas, imagina-se que parte das pessoas que efetua esses downloads ou compra produtos piratas até poderia pagar pelo seu consumo, porém, se o fizessem não consumiriam tanto quanto o fazem. Com isso, vivemos um momento único na história onde todos podem ter acesso à arte audiovisual e em quantas doses despertarem seu interesse. Se por um lado é uma utopia democrática, por outro é a incerteza do artista que infelizmente ainda tem que produzir à moda antiga (pois ainda não existe uma nova).

A grande verdade é que ninguém está preparado para avaliar o fenômeno da troca de arquivos, e ainda não surgiu nada nem ninguém que aponte um caminho fértil para quem ainda almeja sobreviver de arte audiovisual. O que preocupa é o fato de que ao invés das discussões, que surgiram novamente, focarem no sentido de se pensar uma forma de adaptação e impulso do artista nessa nova realidade, ainda estejam presas a números e argumentos de certo e errado.

Quem tiver uma idéia ganha uma cerveja!