Hoje será votada na Espanha a "Ley Sinde", que consiste em tirar do ar sites que contenham qualquer tipo de download não autorizado, com conteúdo que presuma direitos autorais como filmes e músicas. A Lei, maqueada por trás de uma proposta de "economia sustantável", sofreu diversos protestos durante o fim de semana, onde diversas páginas de downloads ficaram "fora do ar" para que as pessoas sentissem falta do conteúdo. Quando você tentava acessar as páginas aparecia uma mensagem clamando para que as pessoas dialoguem sobre a lei com os desinformados e protestem para que ela não seja aprovada.
Nesta segunda, além do tema bater os já conhecidos rankings de recorde de assunto do twitter, foram espalhados alguns protestos online, como bombar de acessos as páginas do Congresso de Deputados e de diversos partidos políticos. A idéia é um efeito de queda das páginas, que acontece quando a quantidade de acessos ao servidor do site supera a capacidade. E funcionou, páginas de partidos foram as primeiras a sair fora do ar com os "ataques", seguidas pela do próprio Congresso. O lema da ação foi "Os políticos censuram sites, nós fechamos o site dos políticos".
Bom, o debate sobre direitos autorais e as oportunidades do mundo virtual sempre esteve presente desde o surgimento da rede, há quase 3 anos atrás escrevi o primeiro post deste blog com essa discussão, que na época foi levantada pelo fenômeno da pirataria no cinema brasileiro "Tropa de Elite". Desde lá, muita coisa aconteceu, muitas polêmicas e nomes do meio artístico se pronunciando, mas até agora ainda temos certa liberdade virtual no Brasil. E a idéia é continuar a preservar isso!!
É fato que os tempos mudaram e a internet revolucionou o mundo da comunicação. Não dá para querer adapta-la ao modelo que se tinha para os meios de antes. Hoje, a TV bebe descaradamente dessa fonte, exibindo pautas/personagens sugados da internet e os jornais/periódicos parecem ser os mais adaptados, mas o cinema e a música, que são os grandes "reclamões", na verdade nunca tiveram uma difusão tão grande, atingindo pessoas de todas as distinções em massa. É preciso um debate inteligente a essa altura do campeonato, censurar não é caminho, tirar os sites do ar é voltar no tempo.
Como produtor audiovisual, confesso que é um pouco assustador pensar que um produto que envolveu uma grande produção vaze e possa sofrer um desfalque que atinja o bolso dos criadores. Mas esse medo só existe porque enxergamos somente com o olhar do funcionamento do modelo de produção já existente há anos. A questão é justamente essa, como se adaptar? Porque é fato que as coisas mudaram e vão mudar mais ainda, e é nesse sentido que a discussão tem que seguir, como seria uma nova forma de garantir o trabalho dos realizadores e ao mesmo tempo fazer com que as pessoas tenham livre acesso aos conteúdos?! Esse é o desafio!
Todo mundo está cansado de ver esse sistema de estrelas no universo da arte, que faz com que poucas pessoas produzam para que todos os outros trabalhem só para poder consumi-las, pagando caro por UMA ida ao cinema ou a compra de UM disco. É muito pouco para a sede dos artistas deste mundo, que sofrem com o monopólio que se cria em torno dos "talentos" escolhidos pelas gravadoras e produtoras e principalmente para o público, que merece ter acesso a variedades para fazer suas próprias escolhas e mudar esse conceito comercial de bom e ruim.
Com tudo, nós conhecemos essa fluinte tupiniquim de copiar modelos europeus, e com lei similar já aprovada na França e agora com essa possibilidade aqui na Espanha, não demorará para que surja uma lei similar no Congresso brasileiro. Por isso, olhos abertos, Brasil!! Somos uma das redes mais movimentadas do mundo, e assim devemos continuar sendo, a internet já mudou muita coisa na democratização do acesso dos brasileiros a cultura e será fundamental para a história que o Brasil vai escrever nos próximos anos! =)
Leia mais sobre o assunto na Espanha:
Blog Sindgate: http://sindegate.redvamas.com/29/
